Depois que meu noivo me traiu e me expulsou, eu estava perdida, sem ter para onde ir. Enquanto estava sentada nos degraus frios, cercada pelos meus pertences, encontrei uma carta de uma estranha pedindo ajuda. Eu não sabia quem ela era ou por que ela me escreveu, mas eu não tinha mais nada a perder, então decidi descobrir. Eu estava me arrastando de volta para casa, meus pés doendo pelas longas horas que passei com eles. Era bom terminar, mas eu ainda conseguia sentir o estresse agarrado a mim como um peso pesado. Dois turnos seguidos não foram fáceis, mas eu tinha que fazer isso. Precisávamos do dinheiro.
Stan, meu noivo, estava desempregado há meio ano. Ele disse que era apenas temporário, que ele encontraria um emprego em breve. Mas a cada dia, eu o via relaxando, assistindo TV ou rolando pelo telefone, e eu me perguntava se ele estava mesmo tentando. Ainda assim, eu continuava esperando que as coisas mudassem. Eu o amava, afinal.
Quando finalmente abri a porta do nosso pequeno apartamento, imediatamente ouvi barulhos vindos do quarto. Barulhos altos e estranhos. Poderia ser…? Não, eu devia estar imaginando coisas. Stan não faria isso comigo. Empurrei a porta do quarto e tudo dentro de mim congelou.
Lá estava Stan, enrolado com outra pessoa — uma garçonete do meu trabalho, nada menos. Por um segundo, não consegui respirar, não consegui pensar. “Seu idiota!”, gritei, pegando um abajur e jogando nele. Errou, mas não me importei. “Rachel, você entendeu tudo errado!”, disse Stan, levantando as mãos como se estivesse tentando me acalmar. “Errado? Vocês dois estão nus, na nossa cama! Como eu poderia ver isso de outra forma?”, gritei, minha voz falhando. “Nós… nós estávamos verificando se havia ácaros”, ele gaguejou, mal conseguindo olhar para mim. Eu apenas o encarei, atordoada com o quão patética era aquela desculpa.
“Você está falando sério? Você ao menos se ouve?! Você é um mentiroso, um covarde e o maior canalha que eu já conheci!” Peguei um travesseiro e joguei nele. Acertou, mas ele ficou ali parado, ainda tentando agir como se estivesse no controle. “Rachel, acalme-se. Vamos falar sobre isso como adultos”, ele disse, sua voz estranhamente calma. “Você quer conversar agora? Depois de tudo isso?” Eu gritei. “Eu não quero ouvir mais nenhuma palavra. Saia do meu apartamento!” “Você nem consegue pagar por isso!” Eu gritei. “Você está quebrado, Stan. Como você pode agir assim?”
“Eu vou conseguir”, ele respondeu, parecendo calmo, como se isso não significasse nada para ele. Vinte minutos depois, eu estava lá fora, cercada por minhas coisas. Peguei meu anel de noivado, minha mão tremendo. “Espero que você apodreça no inferno!” Gritei, jogando o anel nele o mais forte que pude. Stan se abaixou, pegou e sorriu. “É assim que vou pagar o aluguel”, ele disse, fechando a porta antes que eu pudesse pegá-lo de volta.
“Idiota!”, gritei, chutando a porta. A dor subiu pelo meu pé, mas não me importei. Afundei na escada, enterrando meu rosto nas mãos, me sentindo completamente perdida e derrotada. Poucos minutos depois, ouvi a porta ranger ao abrir. Olhei para cima, meio que esperando um pedido de desculpas, mas Stan apenas colocou a cabeça para fora e jogou minha correspondência em mim. “Aqui”, ele disse, como se eu não fosse nada, e fechou a porta novamente, me deixando nos degraus frios e duros.
Peguei as cartas e comecei a separá-las. Anúncios, contas, mais anúncios. Joguei as contas de serviços públicos de volta na porta. Stan poderia lidar com elas agora. Folheei a pilha até encontrar uma carta que parecia diferente. Não reconheci a caligrafia. Curioso, rasguei-a. Dentro, havia um bilhete curto: “Seja você quem for, preciso desesperadamente da sua ajuda.” Abaixo, havia um endereço. Era isso. Li novamente, tentando entender. Eu não tinha para onde ir, nenhum plano. Estava cansado, magoado e perdido, mas minha avó sempre dizia: “Se alguém pedir ajuda, e você puder, faça.” Então, respirei fundo, coloquei minhas caixas no carro e dirigi até o endereço.
Quando cheguei lá, fiquei surpreso. Não era um lugar decadente como eu imaginava. Era uma casa linda, com um grande jardim, flores brilhantes e janelas grandes. A fachada era limpa e acolhedora. Fui até a porta e toquei a campainha. Esperei, mas ninguém veio. Bati mais alto. Ainda nada. Enquanto eu estava lá, uma porta rangeu ao abrir da casa ao lado, e um homem saiu, olhando para mim. “Você está procurando por Lorelai?” um homem de meia-idade gritou, sua voz rouca. Ele estava na varanda ao lado, me observando.